domingo, 23 de agosto de 2009

O Mal da idéia de posse nos Relacionamentos

Acabo de ler matéria na edição on line do G1 (www.g1.com.br), sobre um assassinato ocorrido na noite de sábado (22) em São Paulo, quando um homem foi assassinado na frente da namorada. O autor do homicídio foi o ex-namorado dela, e segundo a Polícia, que já prendeu o acusado, este teria confessado a autoria e que que o motivo que o levou a tirar a vida do rapaz foi por não se conformar com o fim do namoro.

Isto me relembra algo que venho batendo na tecla há um bom tempo: a idéia de "posse" tão fortemente presente nos relacionamentos amorosos. É impressionante como uma das primeiras coisas que a maioria das pessoas fazem, logo quando começam a namorar, é cercear a liberdade do (a) parceiro (a). Passa a considerá-lo propriedade sua, e que, por isso mesmo, estaria sujeito a realizar somente aquilo que o (a) pretendente permitir.

Quando alguém se refere ao parceiro (a) antecede seu nome com o pronome possessivo meu, minha, e isto tem implicações muito maiores que um simples referir-se a alguém com quem está se relacionando. Na verdade, a idéia impregnada no imaginário dos amantes é de posse mesmo!

A meu ver isso é não apenas um equívoco, como também representa perigo para os dois. Ninguém precisa abrir mão de sua individualidade ou personalidade por causa do (a) parceiro. As mulheres, principalmente, são as que mais se curvam diante das investidas do namorado, noivo ou marido em dominá-la. Quando se permite esse "domínio", a relação já está em risco, porque um dos princípios básicos foi violado, que é o do direito de ir e vir.

É comum, por exemplo, homens impedirem que as mulhres com as quais se relacionam, usem determinado tipo de roupa, ou saia com amigas, ou ainda que chegue em casa fora de um determinado horário. As mulheres precisam reagir a esse tipo de postura, que na verdade, tenta lhes privar da liberdade.

O que as pessoas precisam ter em mente é que NINGUÉM É DONO DE NINGUÉM! O fato de ter uma relacionamento afetivo com outra pessoa, não pressupõe título de propriedade de um sobre o outro! Isto é um absurdo! Afinal, somos seres humanos e não objetos inanimados, os quais levamos para onde queremos, a hora que queremos e com eles fazemos o que bem entendermos!

Volta e meia nos deparamos com notícias de crimes com motivações passionais, geralmente cometidos por homens inconformados por que suas ex decidiram pôr fim ao relacionamento. Em parte, a vítima tem responsabilidade, na medida em que, de alguma forma, e por algum tempo, alimentou a relação de posse do companheiro sobre ela. O melhor, a meu ver, é deixar bem claro desde o início, e romper a relação imediatamente caso o cidadão tente lhe cercear a liberdade de alguma forma.

Homens que cometem esse tipo de crime são pessoas de baixa estima, de profunda dependência sentimental, e que se consideram "inferiores" ou imerecedores das mulheres com as quais estão se relacionando.