Há poucos instantes li um *artigo muito interessante sobre divórcio no Brasil. Deixando de lado os dados estatísticos e as causas mais comuns que levam casais a separarem-se, quero comentar sobre algumas razões que não são mencionadas, mas que fazem parte do menu daqueles que optaram ou estão no caminho do fim do relacionamento.
Muitos casamentos terminam porque as partes não cedem. Cada um fica imaginando estar com a razão, e aí surge um segundo problema, pois quando eu afirmo que estou certo, também afirmo que o "outro" está errado. Aliás, essa dualidade certo-errado é um problema terrível! Mas, deixemos para comentar sobre isso em outra oportunidade. A questão é: se um lado não cede, ou ambos não cedem, não resta dúvida que o casamento vai mesmo terminar, e nessa quebra de braço não há vencedores. Aliás, já foi dito por alguém que nenhum casamento termina por responsabilidade de apenas um dos cônjuges. Em geral, aquele que julga-se estar "certo", tem tanta ou mais parcela de contribuição que o outro.
Respeito a decisão de quem deseja o divórcio, e sempre procuro trabalhar na direção que a pessoa escolha, mas sou pela manutenção do casamento, claro, com uma boa revigorada; isso envolve renúncia, respeito, revisão de metas e valores, além dos valhos ingredientes já conhecidos, que são Amor, Companheirismo, Cumplicidade, Tesão, etc.
Um grande número de relacionamentos chega ao fim por falta de comunicação, ou por comunicação inadequada. Os cônjuges precisam entender que têm diante de si um outro ser humano, o qual pode ter errado, magoado ou feito um zilhão de coisas que lhe desagradou, mas é uma pessoa, e como tal merece respeito e atenção. Vale lembrar que, mesmo na guerra, os adversários mantém uma linha de comunicação. Que os casais lembrem-se disto, e preservem o canal de diálogo, mesmo com as diferenças.
Em geral as pessoas que saem de um casamento em busca de realização em uma nova relação, deixando para trás situações mal resolvidas, acabam frustrando-se e terminando o novo affair mais cedo do que imaginava. Se se vai divorciar, que o faça, mas sem deixar resquício de situações inacabadas. A própria consciência agradece.
*http://www.clube700.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=162&Itemid=30
sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
sábado, 23 de fevereiro de 2008
O Tabu
Sexo ainda é um tema controverso, seja na sociedade, na religião, ou mesmo entre os chamados "liberais". Herdamos uma tradição que o apresenta como algo sujo, pecaminoso, um mal necessário. Não é preciso ser membro de uma comunidade religiosa, onde é forte a repressão, para revelar em curta conversa resquícios da influência distorcida que se tem do sexo. Em linhas gerais, e apenas para começar (e apimentar o tema), basta dizer que independente da forma como se encara a sexualidade, não há como fugir dela, pois somos seres sexuados, temos desejos, e por mais que se queira, é impossível fugir dessa realidade. Em outras palavras, não há eficácia nas sessões de exorcismo que acontecem no ambiente religioso para expulsar o "capeta da prostituição, da impureza ou devassidão". Penso que esse tipo de atitude se dê mais por ignorância do que por intenção efetiva.
A história revela que todas as tentativas de reprimir, controlar, impedir a sexualidade não surtiram o efeito esperado. Aliás, dentro dos espaços onde o sexo é visto como "coisa do demônio", ele não somente é praticado, como também apresenta elevados índices do que se chama de "perversão e imoralidade". Sim, isso acontece porque não há força, credo, reza, ação que possa mudar aquilo que é inerente à natureza humana. O sexo não está na esfera da espirtualização como pensam muitos religiosos; ele está na esfera da fisiologia humana, assim como as demais necessidades primárias da espécie, como comer, beber, defecar, etc.
Apesar de tudo isso, o sexo continua sendo um dos mais fortes tabus principalmente para a religião, especialmente o Cristianismo (falo do mundo ocidental). Como nossa moral e ética foram forjadas em cima dos valores cristãos, não é difícil imaginar que a maneira de enxergar a sexualidade, mesmo fora das igrejas, tenha forte influência dessa religião.
É preciso, nesses ambientes, uma revisão nos valores, principalmente em que se considere mais o humano que o espiritual. O homem e a mulher possuem corpos com natureza que precisa de tempo e espaço para vivências e experiências, e não é um tabu, doutrina, ou dogma que poderão impedi-los. Como cristão, penso que Deus nos criou para nos relacionarmos; a forma, entretanto, não foi definida pelo divino. Acredito que a inteligência que Ele nos deu seja suficiente para fazermos nossas próprias escolhas. Dessa forma, entendo que é natural, sim, relacionamentos diferentes do estabelecido pela religião, a exemplo de casamentos sem os trâmites impostos pelo Vaticano, ou entre pessoas do mesmo sexo.
As proibições e demonizações na sexualidade e nos relacionamentos é uma questão intrinsecamente humana e institucionalmente religiosa, e nada de efetivamente divina. Sinceramente, não creio que Deus esteja preocupado se alguém vai se casar ou se não vai; se escolhe uma pessoa do mesmo sexo ou de sexo diferente; se quer ou não a "bênção" sacerdotal. Tudo isso é história e tradição, e portanto, essencialmente humana. Criações nossas que atravessaram séculos e chegaram aos nossos dias, graças a Deus, com menos força do que tiveram no passado, quando pessoas eram presas e até executadas em praça pública (em nome de Deus, credo!), pelo simples fato de amarem fora do estabelecido pela Igreja. Mas, ainda assim, essas convenções estão presentes em nosso dia a dia, e muita gente não consegue ser feliz plenamente com sua sexualidade por conta desses tabus.
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