sexta-feira, 21 de março de 2008

Quando o Casamento chega ao fim...

Nenhum casamento termina de uma hora para outra. O fim é construído no dia a dia, geralmente com pequenas coisas, atitudes ou palavras consideradas ínfimas, mas que têm o efeito de cupim, que age silenciosa, porém, initerruptamente. As pesquisas estão aí apontando um crescente número de divórcios no Brasil. As causas são muitas, sendo adultério e "incompatibilidade de gênios" as mais comuns. Outra que também aparece na lista é dificuldade financeira.

Seja lá porque razão for, o que quero enfatizar é que nenhum relacionamento termina por responsabilidade de apenas uma das partes. A outra, por menos que creia ou aceite, e por mais certa e com razão que esteja, também contribui. Desta forma, ao fim de um casamento, o melhor é que ambos os cônjuges façam um balanço equilibrado, juntos ou separadamente, e cada um identifique os próprios "erros" na relação.

É comum os homens apontarem "incompatibilidade de gênios", como causa porque deseja se separar da esposa. Já as mulheres não perdoam infidelidade e maus tratos. Quaisquer que sejam as razões que apontem, é bom estar certo de que, aquele cônjuge que se considera vítima, também contribuiu de alguma forma para o fim. Isso se dá porque a relação é a dois, e na convivência diária um age e outro reage, e vice-versa, de modo que os dois acabam sendo vítimas de si mesmos, dos próprios atos, escolhas, pensamentos, palavras...

Há divórcios que acontecem por razões inquestionáveis, como violação da integridade física (geralmente as mulheres são as vítimas). Há também casos de separações consensuais, onde os cônjuges concordam amigavelmente pelo fim da relação; e há ainda relacionamentos que chegam ao fim por razões mesquinhas e egoístas, como um dos cônjuges querer o fim do casamento por causa de uma terceira pessoa...

Separar-se simplesmente para casar-se com outra pessoa é uma atitude burra (perdoem-me o termo forte)! Ninguém jamais conseguirá ser feliz, se para tanto proporcionar a infelicidade de outro. As pessoas não são objetos que trocamos quando nos convém. A história prova que não dura muito e termina de forma bastante desagradável relacionamentos que para subsistir, teve que causar o rompimento de outro.


Sou de opinião que, afora os casos extremos, boa parte dos divórcios acontecem por orgulho das partes ou pelo menos de uma delas. É bom lembrar que quem pensa estar com toda a razão, geralmente é quem toma atitudes equivocadas, e que mais adiante coloca a pessoa numa encruzilhada, em que uma via conduz à humildade e consequente retorno; enquanto a outra exige orgulho elevado para manter a decisão.

Mas, seja como for, se a manutenção da relação chega a um nível insuportável, é melhor mesmo a separação, mas que esta aconteça de forma amigável, pois ex-cônjuges não é sinônimo de novos inimigos. Ademais, pode ser (e em muitos casos acontece) que as partes pensam friamente depois de um tempo e decidem reatar o relacionamento. Certo mesmo é que ninguém é culpado sozinho, a razão não está apenas de um lado, e principalmente ESTAR COM A RAZÃO NÃO É SINÔNIMO DE SER FELIZ...

domingo, 2 de março de 2008

Quando o dinheiro interfere na relação

Antigamente os casamentos aconteciam por razões comerciais. Duas famílias firmavam acordo entre si, e como forma de selar o pacto, prometiam seus filhos em casamento. Melhor dizendo, aquele que tivesse uma filha é que a prometia. O destino de muitas dessas garotas era selado antes mesmo que elas chegassem à adolescência. O dinheiro, portanto, estava presente nas relações afetivas, e maneira decisiva. Aliás, até bem pouco tempo atrás, o nascimento de uma menina era visto como "infortúnio" pelo pai. Para "redimir-se", a saída seria arranjar um homem de boa condição financeira, cujo herdeiro quisesse casar-se com sua filha.
Vivi minha adolescência em Gandu, interior da Bahia, onde era comum o casamento acontecer depois que os pais dos noivos lhes davam um mínimo de condição para começar a nova vida. Dessa forma, os pais compravam móveis ou construíam casa para os nubentes, e era imprescindível que o rapaz estivesse trabalhando, caso contrário, o casamento não acontecia. Novamente, a questão financeira se faz presente.
Estamos no século XXI, as relações afetivas evoluíram; hoje o termo "casamento" não quer dizer a mesma coisa que há 20, 30 anos atrás. Há diversos tipos de relação, mas a questão financeira continua a ser fator decisivo, nem tanto para a constituição, como para a manutenção de um casamento.
Recente pesquisa divulgada no porta Clube 700 (www.clube700.com.br), dá conta que dificuldades financeiras é um dos fatores que contribuem para separações de casais. A situação é mais crítica quando a mulher assume o papel de sustentadora da casa. As mulheres são hábeis em tudo que fazem, razão pela qual desperta o ciúme dos homens, que as discriminam por medo que elas lhes tome o lugar. Há poucos dias ouvi de um amigo a seguinte frase: "homem que sustenta a mulher, não faz mais que a obrigação; mulher, quando sustenta o homem, o vê ou como gigolô ou como vagabundo..."
Infelizmente essa é mais uma das heranças de uma sociedade patriarcal e sexista, em que igualdade entre homem e mulher existe, com efeito, apenas no papel. Na prática, as próprias mulheres absorvem afirmações jocosas e preconceitoas que lhes são imputadas pelos homens. Porém, não há como negar que elas nem sempre saem-se bem quando têm que sustentar marido, noivo, namorado ou "caso". Há casos em que sequer o fato do homem estar desempregado é levado em consideração.
De fato, é uma situação indesejável e constrangedora ter um homem em casa, sem trabalhar. Esta condição interfere diretamente na relação do casal, na medida em que o homem inativo tem sua auto estima abalada, e passa por uma sensação de inutilidade. É neste momento que torna-se imprescindível um estreitamento das conversas entre os cônjuges, e até mesmo busca de ajuda externa, de preferência profissional, como forma de ajudar o casal a manter a relação.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Se pensar bem...

Há poucos instantes li um *artigo muito interessante sobre divórcio no Brasil. Deixando de lado os dados estatísticos e as causas mais comuns que levam casais a separarem-se, quero comentar sobre algumas razões que não são mencionadas, mas que fazem parte do menu daqueles que optaram ou estão no caminho do fim do relacionamento.

Muitos casamentos terminam porque as partes não cedem. Cada um fica imaginando estar com a razão, e aí surge um segundo problema, pois quando eu afirmo que estou certo, também afirmo que o "outro" está errado. Aliás, essa dualidade certo-errado é um problema terrível! Mas, deixemos para comentar sobre isso em outra oportunidade. A questão é: se um lado não cede, ou ambos não cedem, não resta dúvida que o casamento vai mesmo terminar, e nessa quebra de braço não há vencedores. Aliás, já foi dito por alguém que nenhum casamento termina por responsabilidade de apenas um dos cônjuges. Em geral, aquele que julga-se estar "certo", tem tanta ou mais parcela de contribuição que o outro.

Respeito a decisão de quem deseja o divórcio, e sempre procuro trabalhar na direção que a pessoa escolha, mas sou pela manutenção do casamento, claro, com uma boa revigorada; isso envolve renúncia, respeito, revisão de metas e valores, além dos valhos ingredientes já conhecidos, que são Amor, Companheirismo, Cumplicidade, Tesão, etc.

Um grande número de relacionamentos chega ao fim por falta de comunicação, ou por comunicação inadequada. Os cônjuges precisam entender que têm diante de si um outro ser humano, o qual pode ter errado, magoado ou feito um zilhão de coisas que lhe desagradou, mas é uma pessoa, e como tal merece respeito e atenção. Vale lembrar que, mesmo na guerra, os adversários mantém uma linha de comunicação. Que os casais lembrem-se disto, e preservem o canal de diálogo, mesmo com as diferenças.

Em geral as pessoas que saem de um casamento em busca de realização em uma nova relação, deixando para trás situações mal resolvidas, acabam frustrando-se e terminando o novo affair mais cedo do que imaginava. Se se vai divorciar, que o faça, mas sem deixar resquício de situações inacabadas. A própria consciência agradece.

*http://www.clube700.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=162&Itemid=30

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O Tabu

Sexo ainda é um tema controverso, seja na sociedade, na religião, ou mesmo entre os chamados "liberais". Herdamos uma tradição que o apresenta como algo sujo, pecaminoso, um mal necessário. Não é preciso ser membro de uma comunidade religiosa, onde é forte a repressão, para revelar em curta conversa resquícios da influência distorcida que se tem do sexo. Em linhas gerais, e apenas para começar (e apimentar o tema), basta dizer que independente da forma como se encara a sexualidade, não há como fugir dela, pois somos seres sexuados, temos desejos, e por mais que se queira, é impossível fugir dessa realidade. Em outras palavras, não há eficácia nas sessões de exorcismo que acontecem no ambiente religioso para expulsar o "capeta da prostituição, da impureza ou devassidão". Penso que esse tipo de atitude se dê mais por ignorância do que por intenção efetiva.
A história revela que todas as tentativas de reprimir, controlar, impedir a sexualidade não surtiram o efeito esperado. Aliás, dentro dos espaços onde o sexo é visto como "coisa do demônio", ele não somente é praticado, como também apresenta elevados índices do que se chama de "perversão e imoralidade". Sim, isso acontece porque não há força, credo, reza, ação que possa mudar aquilo que é inerente à natureza humana. O sexo não está na esfera da espirtualização como pensam muitos religiosos; ele está na esfera da fisiologia humana, assim como as demais necessidades primárias da espécie, como comer, beber, defecar, etc.
Apesar de tudo isso, o sexo continua sendo um dos mais fortes tabus principalmente para a religião, especialmente o Cristianismo (falo do mundo ocidental). Como nossa moral e ética foram forjadas em cima dos valores cristãos, não é difícil imaginar que a maneira de enxergar a sexualidade, mesmo fora das igrejas, tenha forte influência dessa religião.
É preciso, nesses ambientes, uma revisão nos valores, principalmente em que se considere mais o humano que o espiritual. O homem e a mulher possuem corpos com natureza que precisa de tempo e espaço para vivências e experiências, e não é um tabu, doutrina, ou dogma que poderão impedi-los. Como cristão, penso que Deus nos criou para nos relacionarmos; a forma, entretanto, não foi definida pelo divino. Acredito que a inteligência que Ele nos deu seja suficiente para fazermos nossas próprias escolhas. Dessa forma, entendo que é natural, sim, relacionamentos diferentes do estabelecido pela religião, a exemplo de casamentos sem os trâmites impostos pelo Vaticano, ou entre pessoas do mesmo sexo.
As proibições e demonizações na sexualidade e nos relacionamentos é uma questão intrinsecamente humana e institucionalmente religiosa, e nada de efetivamente divina. Sinceramente, não creio que Deus esteja preocupado se alguém vai se casar ou se não vai; se escolhe uma pessoa do mesmo sexo ou de sexo diferente; se quer ou não a "bênção" sacerdotal. Tudo isso é história e tradição, e portanto, essencialmente humana. Criações nossas que atravessaram séculos e chegaram aos nossos dias, graças a Deus, com menos força do que tiveram no passado, quando pessoas eram presas e até executadas em praça pública (em nome de Deus, credo!), pelo simples fato de amarem fora do estabelecido pela Igreja. Mas, ainda assim, essas convenções estão presentes em nosso dia a dia, e muita gente não consegue ser feliz plenamente com sua sexualidade por conta desses tabus.